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Cada um de nós observa o mundo diante de suas próprias perplexidades. E também de sua sensibilidade. O mundo me fascina e sou observadora cuidadosa e atenta. A poesia e a dor da realidade. A música e o silêncio que tanto servem para meditar como para ensurdecer os sentidos. Um pouco de mim, muito de todos nós, basta querer revelar, com enorme sutileza. Minhas leituras, meus sons, minhas impressões, tudo ofereço a vocês, se assim o quiserem. E tudo diante da soberania e da Graça de Deus!

sábado, março 05, 2011

Repensando CHRISTOPHER HITCHENS

Repensando CHRISTOPHER HITCHENS

O que confere credibilidade e autoridade a um jornalista, especialmente aqueles que emitem opiniões e análises sobre assuntos que calam fundo aos cidadãos, é acima de tudo, a fidelidade e a constância dos comentários de seus leitores. É óbvio que o preparo intelectual mínimo é indispensável a quem se propõe a escrever sobre política, comportamento, fé e outros contextos na linha do perigo e do cuidado. Eu, particularmente, tenho meus ícones (não gosto da palavra ídolo) e jamais, nesses anos todos de vivência na leitura, anotei qualquer incoerência em Villas-Bôas CorrêaMestre da análise política ou em Zuenir Ventura, um cronista admirável pela perspicácia do cotidiano e a linguagem deliciosa de ser lida. Nunca foram desmentidos e nem escreveram tolices, ao contrário, recebem diariamente a homenagem de seus colegas de ofício e, principalmente, de seus leitores. Fico apenas nesses dois, embora a cada dia surjam grandes jornalistas.

Bem, vamos ao Christopher Hitchens. Em que pese a sua habilidade em se expressar, ele vem se inserindo, através de seus artigos, naquela arrogante categoria dos que escrevem com o objetivo principal de chocar, impactar e promover expurgos julgadores. Deve ter seu público, pois se não fosse assim revistas e jornais de grande alcance não o publicariam. Eu somente o leio porque assino Época e lá está ele. Não tem jeito! Christopher Hitchens tem uma compulsão incrível em proclamar a inexistência de Deus, em palavras, vídeos, conferências. No youtube há um número enorme de vídeos em que ele traça argumentações das mais intrincadas (na análise de muitos teólogos, ridículas) para tentar provar a sua tese. Como se tal mister fosse o seu objetivo de vida! Aliás, não entendo porque as pessoas que não acreditam na essência de Deus são muito mais preocupadas em demonstrar sua convicção do que aquelas que possuem sua fé plena e tranquila.

Não satisfeito em qualquer artigo ou palestra desancar – usando palavras grosseiras e a arrogância de quem se acha acima de todos - com a crença de cristãos, judeus, muçulmanos ou quem quer que acredite na existência de Deus, ele agora, estribado num fato que é consenso de qualquer ser civilizado – a liberdade de expressão - partiu de maneira estúpida, no seu artigo mais recente, 'É preciso pedir desculpas aos fundamentalistas?' publicado na revista Época de 15/03/2010 (clique aqui http://bit.ly/9SptsP para ler a coluna completa). Bem, na coluna ele reclama da carta recebida de um escritório de advocacia da Arábia Saudita, representando quase cem mil muçulmanos enviada a um grupo de jornais na Escandinávia. A carta narra a indignação dos clientes com as caricaturas de Maomé, em 2005. Não concordo, de maneira alguma, com os termos da carta, nem aceito fundamentalismo de qualquer tendência.

No entanto, o mundo livre, em sua imensa maioria, sejam cristãos, judeus, muçulmanos, budistas, xintoístas, etc. não apreciam ver os seus símbolos religiosos colocados como zombaria. E a Escandinávia não é o Brasil, onde há uma permissão implícita para certas "brincadeiras" pelo caráter alegre da expressão popular.  Não acho correto brincar com aquilo que é sagrado para a imensa maioria da população da Terra. Veja o trecho que Christopher Hitchens considera inaceitável: 'Celebrando essa decisão, o representante do escritório repetiu sua alegação bizarra de defender nada menos que 94.923 descendentes de Maomé. Novamente, fez afirmações absurdas: “Todos os ícones de todas as religiões, como a Virgem Maria, Jesus Cristo, Moisés, e outros que são ícones não religiosos, mas contribuíram para a humanidade, como Mahatma Gandhi, Nelson Mandela, Martin Luther King, o Dalai-Lama e Albert Einstein, todos merecem proteção para não ser ridicularizados e difamados". '

Ora, vamos ser mais racionais e procurarmos viver sem estimular conflitos com os semelhantes por coisas assim. O mundo já tem problemas demais. Virou moda a ditadura do pensamento único, do 'só vale o que eu e meu grupo pensamos'. Alto lá, cara-pálida, há muita diversidade no planeta. Esse tipo de jornalismo de arrasa-quarteirão já está passando dos limites. E esquecendo-se do bom-senso!

Dody Fernandes

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