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Cada um de nós observa o mundo diante de suas próprias perplexidades. E também de sua sensibilidade. O mundo me fascina e sou observadora cuidadosa e atenta. A poesia e a dor da realidade. A música e o silêncio que tanto servem para meditar como para ensurdecer os sentidos. Um pouco de mim, muito de todos nós, basta querer revelar, com enorme sutileza. Minhas leituras, meus sons, minhas impressões, tudo ofereço a vocês, se assim o quiserem. E tudo diante da soberania e da Graça de Deus!

sábado, setembro 10, 2011

Kenneth Erwin Hagin: O divulgador da Confissão Positiva

Kenneth Erwin Hagin: O divulgador da Confissão Positiva
[O poder do engano - Parte 2]
Por Marcos Batista Lopes

Kenneth Erwin Hagin nasceu em agosto de 1917, em McKinney, Texas, teve um parto prematuro com problemas cardíaco congênito. Hagin teve uma infância difícil e conturbada devido à falta de seu pai que abandonou a família quando ele era muito novo. Aos nove anos foi viver com os avós e aos dezesseis anos devido à uma enfermidade se encontrava muito debilitado em uma cama. Encontrou conforto através da leitura bíblica e teve uma interpretação que mudaria sua vida para sempre, afinal, segundo Hagin ele fora curado de sua enfermidade. Mas antes Hagin alega ter ido três vezes “em espírito” ao inferno. Mas segundo Hagin a sua segunda experiência foi algo que marcaria sua vida para sempre, e foi lendo a passagem de Marcos 11.23,24: “Eu lhes asseguro que se alguém disser a este monte: “Levante-se e atire-se no mar”, e não duvidar em seu coração, mas crer que acontecerá o que diz, assim será feito. Portanto, eu lhes digo: Tudo o que vocês pedirem em oração, creiam que já o receberam, e assim lhes sucederá” (Bíblia NVI).

Em uma de suas obras ele relata com detalhes a sua experiência desta revelação[1]. Hagin diz que resistiu ao diabo de que não estaria curado e alega que de fato foi miraculosamente curado por Deus. Ele começa seu longo ministério em 1934 em uma igreja batista. Pertenceu às Assembleias de Deus até 1945. Conheceu o ministério de cura pelos anos 50 e finalmente em 1963 fundou seu próprio ministério – Kenneth Hagin Evangelist Association.

Em 1974 o seu ministério ganharia uma imensa notoriedade com o nascimento do seu instituto bíblico chamado –Rhema Bible Training Center, na cidade de Tulsa, Oklahoma, EUA. Um relato afirma quando se deu a ideia deste seminário:
“Quando o irmão Hagin ouviu certo ministro de renome dizer que 80% do que se ensina nas escolas de teologia convencionais não tem utilidade alguma, resolveu então concentrar seus esforços no sentido de estabelecer uma escola que ensinasse os 20% considerados úteis e práticos, e são esses ensinamentos que hoje fazem a grande diferença nas 33 Escolas espalhadas nos cinco continentes, 21 delas no Brasil.” [2]

No Brasil o Rhema chegou em 1999 e sua linha doutrinária da escola vem sendo pregada no país pelo casal Bud e Jan Wright. O ministério Rhema comenta o seu desenvolvimento no Brasil:
“O casal enviado pelo instituto dos EUA está no Brasil desde 1983. Foi esse casal que fundou em 1989 o primeiro Centro de Treinamento Bíblico Verbo da Vida, em Guarulhos. A partir daí, as escolas e igrejas Verbo da Vida se espalharam pelo Brasil e em 1999 o Ministério de Kenneth Hagin oficializou a relação com o Verbo da Vida transformando o CTBVV de Campina Grande, Paraíba, no primeiro Rhema Brasil. Em 2003 todas as escolas Verbo da vida passaram a se chamar Rhema Brasil.” [3]

A escola Rhema é de caráter interdenominacional e já formou mais de 30.000 alunos pelo mundo. Hagin produziu mais de 130 livros sobre a Confissão Positiva e são mais de 60 milhões de obras espalhadas pelo planeta. No ano de 2003, Kenneth Hagin faleceu e todo o seu patrimônio assim como seus ensinos deram continuidade com o seu filho, Kenneth Hagin, Jr.

É uma pena que milhões de evangélicos deem credito para uma dos maiores falsos mestres de todos os tempos. O poder do engano continuará seguindo o seu curso até a vinda de Cristo. Estejamos preparados.

VÍDEO: 
Veja no vídeo abaixo uma “ministração” de Kenneth Hagin. Muita histeria e nada do Evangelho.

Ter fé em Deus é bom para a Pátria?

Ter fé em Deus é bom para a Pátria?

D. Odilo P. Scherer - O Estado de S.Paulo - 10/09/11

A comemoração do Dia da Pátria, no aniversário da independência do Brasil, sugere uma reflexão sobre a relação entre Pátria e fé em Deus. A questão pode parecer inócua, mas não é, sobretudo quando pensamos em "partidos religiosos", ou em ideologias político-religiosas, que promovem violência em nome de Deus e se impõem, como totalitarismo asfixiante, sobre toda uma nação. É inegável que existem várias lamentáveis instrumentalizações da religião para fins não próprios dela. Proponho minha reflexão a partir da posição da Igreja Católica Apostólica Romana.
Tomemos a noção de "fé em Deus" não como algo genérico ou subjetivo, mas relacionada com um corpo de doutrinas, elaborado e professado oficialmente por determinada religião; afirmações e interpretações pessoais não podem ser atribuídas ao grupo religioso como um todo. A fé em Deus professada pela Igreja Católica está definida e explicada oficialmente no Catecismo da Igreja Católica; outros textos do Magistério eclesiástico explicitam ainda mais determinados aspectos da sua fé.
A comunidade política e a comunidade religiosa, embora se exprimam por estruturas visíveis, por vezes semelhantes, são de natureza bem diversa, quer pela sua configuração, quer, sobretudo, pela sua finalidade. São independentes e autônomas. A Igreja organiza-se com formas aptas a satisfazer as exigências espirituais dos seus fiéis e não pretende substituir-se ao Estado, ou à comunidade política; reconhece e respeita a competência desta para gerar relações e instituições para o serviço do bem comum temporal.
Portanto, a laicidade do Estado, entendida como separação de Poderes, autonomia e respeito pelas competências próprias de Estado e Igreja, fica plenamente preservada. Isso é bom, contanto que essa laicidade não seja usada como álibi para a imposição, aos cidadãos, da não religião como postura oficial, para cercear a liberdade religiosa, ou para discriminar cidadãos em função de suas convicções de fé. Compete ao Estado assegurar a todos os seus membros a liberdade de crer, ou não crer, e de expressar a sua fé, se forem religiosos.
Tenho plena convicção de que fé em Deus e amor à Pátria não se excluem, muito pelo contrário! Um bom cristão deve ser também um bom cidadão. Um mau cidadão, certamente, não é um bom cristão. Como pessoas de fé, estamos conscientes de que "não temos neste mundo pátria definitiva, mas estamos a caminho da que há de vir" (cf. Hb 13,14); mas também temos clara consciência de sermos membros de uma Pátria neste mundo; somos parte de um povo, com o qual nos identificamos e com cujo bem estamos - e devemos estar - inteiramente comprometidos.
Nossa convicção de fé, como cristãos e católicos, não pode ser desvinculada da edificação da comunidade humana, da qual fazemos parte. O ensino social da Igreja oferece as diretrizes para traduzir as luzes e os valores do Evangelho do Reino de Deus para o viver e agir quotidiano. Karl Marx - e outros com ele - interpretou de maneira equivocada o potencial da fé religiosa para a vida de um povo, ao qualificar, de modo simplista, a religião como ópio do povo...
Além de cumprirem os seus deveres cívicos, como os demais cidadãos, as pessoas de fé têm uma contribuição própria a dar para o bem da Pátria. A fé em Deus, bem entendida e manifestada publicamente, com suas convicções traduzidas em antropologia, moral e cultura, pode representar uma contribuição fundamental para o bem comum. Da fé em Deus decorre uma valiosa compreensão da pessoa e sua existência, do mundo e do convívio social, da economia e de todas as atividades humanas. Decorre também um alto conceito de dignidade da pessoa e de seus direitos inalienáveis, bem como um embasamento sólido para práticas de respeito, justiça e honestidade, tão necessárias ao convívio humano e às relações sociais.
A fé em Deus também é capaz de despertar e sustentar belas ações de caridade, compaixão e solidariedade; dificilmente nossas organizações religiosas deixam de estar ligadas a iniciativas de beneficência, de grande importância social, como obras sociais, escolas, hospitais e lugares de acolhida e cuidado de pessoas esquecidas ou rejeitadas pela sociedade. A fé em Deus, quando verdadeira, leva a uma aproximação sempre maior do Mistério Sublime e ao enlevo ante sua beleza - nasceram daí, e continuam a nascer, tantas expressões artísticas! E a esperança, decorrente da fé em Deus, longe de alienar das realidades presentes, é fonte de energias para enfrentar os desafios e as tarefas desta vida.
Na antropologia cristã, além disso, está presente aquilo que a globalização vai trazendo sempre mais à luz: nossa pertença a uma única família humana, à qual estamos ligados de maneira solidária. Cremos num único Deus e Pai de toda a humanidade; ele quer o bem de todos os filhos e que vivam como irmãos e em paz. Um povo não pode ser indiferente aos outros, nem deixar de se interessar pela sorte sempre mais compartilhada por todos os membros da comunidade humana. Limites territoriais, tradições culturais, diferenças raciais, heranças históricas e interesses econômicos, em vez de contrapostos, deveriam ser cada vez mais conjugados e harmonizados.
Quando se dá espaço para Deus, também o homem ganha importância; sua dignidade, seus direitos, a liberdade e o sentido de sua vida neste mundo não são diminuídos, mas iluminados e potencializados. A fé em Deus oferece bases sólidas para valores e virtudes que devem nortear a vida humana nas esferas privada e pública.
Ter fé em Deus e manifestá-la abertamente, indo às suas consequências éticas e culturais, é bom e faz bem à Pátria.
CARDEAL-ARCEBISPO DE SÃO PAULO